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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

3º Bimestre - Resumo de História (Unidade 4)

Unidade 4: Brasil Pós – Guerra

Recapitulando alguns contextos: Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, sob o poder de Getúlio Vargas o Brasil estava em um momento de ditadura, todos estavam insatisfeitos com isso, inclusive os EUA cobraram o fim dessa ditadura. Com esse governo autoritário de Vargas, não existia Constituição, Partidos Políticos, era só ele quem comandava. Getúlio tinha que promover logo as eleições, só que para isso, ele precisava voltar os partidos (extintos com a ditadura). Então surgem os partidos UDN, PCB, PSD e PTB

Eurico Gaspar Dutra (PTB) vence as eleições de 1946 e começa a elaboração de uma nova Constituição e extingue o Partido Comunista. Então logo começa a trazer mais problemas ao Brasil:
  • Ele se aproxima economicamente dos Estados Unidos, dando o domínio a eles, que trouxeram suas multinacionais para cá, quase que substituindo a indústria nacional. Isso fez com que a produção e venda de produtos nacionais diminuísse.
  • O controle cambial, em que os impostos de importação seriam menores e o valor do dólar preservado, ou seja, saía muito mais caro comprar produtos nacionais, o que trouxe inflação.
  • Fracasso do primeiro plano econômico – SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), sendo obrigado a ter apoio do FMI.
A população fica muito insatisfeita com as ações de Dutra e começa a “sentir saudades” de Getúlio Vargas. Após o mandato de 5 anos de Dutra (que acabou com o Brasil, de fato) em 1951 Vargas é eleito pela primeira vez diretamente e enfrenta uma grande crise.

Getúlio Vargas promove a nacionalização, apresentando uma ideia de criar uma empresa brasileira de extração, refino e distribuição de petróleo, em 1953 é criada a Petrobras. Além disso, ele traz uma empresa automobilística, transformando a antiga indústria de motores – a chamada FNM.

Ele tenta criar a Lei de Remessa dos Lucros, em que 10% das multinacionais tinham que ser aplicados na população, mas infelizmente ele não consegue, pois os empresários americanos estavam contra, e infelizmente o Brasil dependia deles.

Em 1953 Vargas enfrenta greves tão grandes que chagaram a parar SP, pois os operários queriam melhores condições e melhores salários, eles brigaram até conseguirem fazer com que tirassem os ministros do trabalho e fazenda e substituísse por novos ministros – João Goulart era um deles (tinha ideias socialistas) e queria aumentar os salários 100% (ideia totalmente socialista), no início Vargas não podia fazer isso, mas fez depois. Esse fato fez com que a imprensa (UDN), com o patrocínio das multinacionais começasse a criticar o seu governo. O principal crítico era Carlos Lacerda político/jornalista da UDN, ele tinha um jornal chamado “Tribuna da Imprensa”.

OBS: Getúlio era amigo do diretor do jornal “Última Hora”, o qual elogiava bastante seu governo lá. Carlos Lacerda começa a inventar notas em seu jornal dizendo que Getúlio subornava o jornal “Última Hora” para elogiá-lo. As pessoas começaram a duvidar e acreditar nisso, envolvendo denúncias e até CPI, só que não deu em nada. 

Em 05/08/1954 ocorre o episódio chamado Atentado da Rua Toneleros, em que o 
motorista e guarda-costas de Getúlio, como forma de protegê-lo, atira em um major da Aeronáutica matando-o e na perna de Carlos Lacerda. Isso se tornou em uma enorme dor de cabeça, pois Carlos Lacerda, por ser inimigo de Vargas, começou a escrever notas, deixando “evidente que Vargas fez aquilo para matá-lo”, que na verdade foi um erro do motorista ao fazer uma coisa dessas. Por sorte ninguém foi punido, mas o Brasil inteiro estava contra Getúlio, por que ele não tinha conseguido resolver o problema da crise, não trouxe muitos benefícios à população e havia supostamente provocado esse atentado.

Todos começam a pedir a Vargas renunciar, inclusive seu vice Café Filho. Getúlio não quis renunciar e na manhã de 24/08/1954 ele escreve uma carta colocando toda sua indignação, saindo da vida para entrar na história por meio do suicídio.

Café Filho teve que assumir num momento muito difícil. Então, chega o mês de Outubro de 1955 começam as eleições e entra Juscelino Kubitschek com o vice João Goulart, que era seu adversário (naquela época, o voto de presidente, vice era separado). Café Filho fica doente e Carlos Luz fica em seu lugar. Em dezembro, o exército consegue tirar Carlos Luz e coloca o senador no lugar.

Juscelino Kubitschek assume em janeiro, ao acabar o ano, ou seja, o mandato de Vargas/Café/Luz/Senador. E logo de cara já inicia um plano de metas para desenvolver o Brasil, o chamado “50 em 5”, isto é, esse projeto desenvolvimentista que seria como vivessem 50 anos em 5 anos (tempo de mandato) entrava com os seguintes fatores:
  • Saúde (JK deixa a desejar)
  • Industrialização (indústrias de base)
  • Energia Elétrica
  • Transporte (rodovias)
Suas principais metas eram a indústria automobilística (pois todos os carros eram importados) e projeto de construção de uma nova capital localizada no planalto central, pois seria uma ótima estratégia, seria mais fácil ligar o centro do país a outras regiões.

Só que para JK cumprir essa promessa, ele precisou de apoio financeiro, foi aí que ele procurou pelos EUA, aumentando ainda mais a dependência, dívida e domínio norte americano no Brasil.

JK cria a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para apoiar o Nordeste, que infelizmente não consegue.

Em 1960 Brasília é inaugurada, só que JK tinha uma alta tensão política com dívida externa altíssima (ele construiu uma cidade, oras!), denúncias de corrupção (feitas por Carlos Lacerda da UDN), aumento dos preços, o rompimento com o FMI. Era o fim de seu governo.

Jânio Quadros vence a próxima eleição (de 1961) com o vice João Goulart. Jânio abraçou o nacionalismo e tinha que enfrentar a grande crise econômica. Em abril de 1961 ele torna-se próximo com o socialismo, recebendo Che Guevara com uma cruz de ferro (representava bravura, coragem e honra). Em maio, ele visita Cuba. Nisso, os empresários norte-americanos e outros políticos temem a implantação do socialismo no Brasil. Então Carlos Lacerda escreve novamente no jornal dele sobre isso.

Em 25/08/1961 Jânio renuncia entregando uma carta ao Presidente da câmara dizendo que forças ocultas o fizeram fazer aquilo. Enquanto isso, seu vice estava na China visitando Mao Tsé-Tung.

Raneere Mazzilli, o presidente da Câmara fica no poder até o vice voltar da China, que ao chegar, é impedido de governar por ter ideais socialistas. Ele tinha um cunhado político no Sul e vai para lá para que legalizassem sua posse, foi a chamada Rede da Legalidade, que não adianta em nada.

Então o congresso cria o modelo Parlamentarista (1º Ministro manda), só que o 1º Ministro não conseguiu aguentar a crise, assim como os vários outros sucessores dele.

Em Janeiro de 1963 é organizado um Plebiscito por Jango (apelido de João Goulart) para que essa votação popular garantisse o fim do sistema Parlamentarista, e ele consegue com os votos da população.

Jango assume o poder e implanta o Plano Trienal (3 anos restantes de mandato) para ter o controle da inflação, permitir a entrada de capital estrangeiro e nacional, a reforma agrária (que teve um problema: ele não deu recursos para a população trabalhar nessa terra, foi um fracasso)

Em 1963 começam a criticá-lo, o principal foi Carlos Lacerda, que dizia que seu governo era socialista. Na televisão, em 1964 foi feito um comício por Jango para falar de seu governo, declarando guerra contra o capitalismo, oficializando assim as denúncias.

Em 31/03/1964 as forças amadas, com o incentivo da CIA, promoveram uma perseguição a Jango, navios da CIA cercaram o litoral, e as forças armadas brasileiras cercaram Brasília. Ele foge para o Sul (tinha seu cunhado lá o apoiando), depois vai para o Uruguai e finalmente vai para a Argentina e fica lá até sua morte anos depois. Com isso, os militares ficam no poder.

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Por curiosidade colegas, leiam a carta de Getúlio Vargas antes de seu sucídio:


TEXTO MANUSCRITO
“Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.
Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria.
Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me.
Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas.
Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.
Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos.
Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais tarde...”

TEXTO DATILOGRAFADO
“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”

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